terça-feira, 5 de junho de 2012

Fichamento n° 2


Fichamento n° 2
CYSNEIROS, Paulo G. Novas Tecnologias na Sala de Aula: Melhoria do Ensino ou Inovação Conservadora? In IX ENDIPE, Anais II, vol. 1/1, pp. 11-24. SP, Águas de Lindóia, Maio de 1998. Disponível em:< http://www.escolaheitor.net/planejamento/cecilia/ARTIGO%20DO%20CURSO/8543090-Novas-Tecnologias-Na-Sala-de-Aula-Melhoria-Do-Ensino-Ou-InovaCAo-Conservadora.pdf>

Resumo:
“Baseando-se na história da tecnologia educacional e em uma análise fenomenológica da relação ser humano - máquina - realidade, examina usos das novas tecnologias da informação caracterizados como inovação conservadora em educação, como também aspectos da comunicação na sala de aula que podem ser transformados, ampliados  ou reduzidos com os recursos da informática.”(p.11)
Citações principais do texto:
"O professor encontra-se sobrecarregado com aulas em mais de um estabelecimento,falta-lhe tempo para estudar e experimentar coisas novas, recebe baixos salários. Em tais escolas tenho encontrado pessoas ensinando matérias que não dominam, como também casos incipientes de alcoolismo e um semi-absenteísmo camuflado, com o professor evitando sempre que pode a sala de aula ou fazendo de conta que ensina, em parte resultado de um esgotamento profissional prematuro." (p.12)
"Ao tratarmos de novas abordagens de comunicação na escola, mediadas pelas novas tecnologias da informação, estamos tratando de Tecnologia Educacional." (p.12)
“(...)o uso de artefatos tecnológicos na escola tem sido uma história de insucessos, caracterizada por um ciclo de quatro ou cinco fases(...)Em cada ciclo, uma nova seqüência de estudos aponta prováveis causas do pouco sucesso da inovação, tais como falta de recursos, resistência dos professores, burocracia institucional, equipamentos inadequados. Após algum tempo surge outra tecnologia e o ciclo recomeça, com seus defensores argumentando que foram aprendidas as lições do passado, que os novos recursos tecnológicos são mais poderosos e melhores que os anteriores, podendo realizar coisas novas, conforme demonstram novas pesquisas. E o ciclo fecha-se novamente com uso limitado e ganhos educacionais modestos.”(p.13)
“Nossa utopia é sempre tentar mudar a história futura para melhor, e não defendo posições tradicionalistas ou contrárias à  tecnologia na educação. Vejo as novas tecnologias como mais um dos elementos  que podem contribuir para melhoria de algumas atividades nas nossas salas de aula. Por outro lado, também não adoto o discurso dos defensores da nova tecnologia educacional, que mostram as mazelas da escolas (algo muito fácil de se fazer), deixando implícito que nossos professores são dinossauros avessos a mudanças. É um discurso tentando nos convencer a dar mais importância a objetos virtuais, apresentados em telinhas bidimensionais, deixando implícito que a aprendizagem com objetos concretos em tempos e espaços reais está obsoleta.”(p.14)
“O fato de se treinar professores em cursos intensivos e de se colocar equipamentos nas escolas não significa que as novas tecnologias serão usadas para melhoria da qualidade do ensino.(...) São aplicações da tecnologia que não exploram os recursos únicos da ferramenta e não mexem qualitativamente com a rotina da escola, do professor ou do aluno, aparentando mudanças substantivas, quando na realidade apenas mudam-se aparências.” (p.15 e 16)
“Não quero com isso afirmar que tais tecnologias de exposição não são úteis. São sim, nas mãos de mestres criativos, dentro de contextos apropriados.” (p.16)
“Tal tipo de mídia pode também reforçar no aluno uma falsa sensação de ter aprendido a lição, pois tudo que o mestre escreveu está ali, gravado, do jeito dele, com os mesmos espaços, tamanhos, etc. Essa sentimento é ilusório, como todo mundo que já passou pela escola sabe. Alguns dias depois o aluno submete-se a uma prova confiante que aprendeu, e verifica que o conteúdo não foi assimilado segundo os objetivos (ou a avaliação) do professor.”(p.17)
“Alguns professores experientes percebem  que quase nada mudou na sala de aula, porém outros, talvez iludidos por um suposto efeito do computador, vêm vantagens nas novas formas de apresentar o conteúdo, algumas vezes reforçadas por um discurso defendendo o construtivismo ou outros conceitos da moda, pouco ou mal-compreendidos. Os alunos também cansam-se facilmente após o efeito da novidade.”(p.18)
“(...)é muito importante que coloquemos tais máquinas nas mãos de nossas crianças e adolescentes, porém sempre predominando o ato de educar, de examinar criticamente  -  numa atitude freiriana  -,  aquilo que está lá. Onde a sabedoria de um professor de uma escola rural, ou de um velho pescador da comunidade, pode ser mais importante para a formação da identidade da criança e para a sobrevivência da cultura do que toda a informação que é produzida diariamente nos lugares sofisticados do planeta.”(p.20)
“(...)a tecnologia não é neutra, no sentido de que seu uso proporciona novos conhecimentos do objeto, transformando, pela mediação, a experiência intelectual e afetiva do ser humano, individualmente ou em coletividade; possibilitando interferir, manipular, agir mental e ou fisicamente, sob novas formas, pelo acesso a aspectos até então desconhecidos do objeto.”(p.21)
“Esse tipo de construção de novas formas de ensinar e de aprender, de conhecimentos novos, exigirá do professor uma atitude permanente de tolerância à frustração e de pesquisa não formal, de busca, de descoberta e criação, no sentido tratado por Demo [xxi]. Descoberta de usos pedagógicos da tecnologia já experimentados por outros, que exige comunicação, troca, estudo, exploração. Criação no sentido de adaptação, de extensão, de invenção. Em ambos os casos, fracassos e sucessos são faces da mesma moeda, com demonstra a história da produção humana de conhecimento e especificamente as histórias de sucesso em Informática Na educação”.(p.23)

Comentários(Parecer e Crítica):
O texto retratou bem algumas questões que vínhamos discutindo em sala de aula, como o mal uso das novas tecnologias na escola.
Minha opinião acerca do tema, vem de encontro com a opinião levantada pelo autor, ou seja, sou a favor do uso das tecnologias em ambiente escolar, as considero importantes, porém essas são só realmente uteis quando usadas de forma contextualizada. Não basta apenas ter um computador com internet, se não há real adequação do conteúdo à tal tecnologia.
Lembro-me do tempo de escola quando durante algumas aulas de Geografia íamos ao laboratório de informática olhar mapas, me perguntava porque o professor não levava um grande mapa para a sala de aula ao invés de nos levar para o laboratório. Talvez sua intenção fosse mudar um pouco o ambiente de estudo ou mostrar que estava inserido no mundo da tecnologia, mas eu particularmente não achava eficaz essa mudança que ao meu ver era apenas de local(já que o mapa fixado ao quadro faria o mesmo trabalho), sendo válido ressaltar também que muitos dos alunos navegavam de forma indevida na internet ao invés de realizar a atividade proposta pelo professor. Acredito que seria muito mais eficaz a aprendizagem, caso o professor , juntamente aos alunos criassem um software que pudessem confeccionar mapas das unidades propostas.
Questionamentos(Questões levantadas e dúvidas):
Através da leitura do texto, fiquei com as seguintes questões em cuca: “Porque muitos de nós acreditamos que algo novo sempre é melhor que algo mais velho?” e“Porque o tradicional é tão criticado?”. Essa última é devido à minha opinião acerca do “tradicional”.Ao meu ver se algo é tradicional, é porque durou um bom tempo se propagando, se durou um bom tempo se propagando é porque de alguma forma isso funcionou. Então,a partir disso não vejo porque criticarmos tanto os métodos tradicionais. Mas ao mesmo tempo acho que novas formas de educar sejam criadas, afim de aprimorar a educação, mas sem desconsiderarmos as tradicionais, o que temos que fazer é unir as melhores coisas de cada, ao invés de apenas criticarmos e jogarmos fora o tradicional. É sempre importante lembrar que nem sempre o novo é melhor.

quinta-feira, 26 de abril de 2012

Fichamento-Visão analítica da Informática na Educação no Brasil: a questão da formação do professor.


VALENTE, J. A. Visão analítica da Informática na Educação no Brasil: a questão da formação do professor. Revista Brasileira de Informática na Educação. RS: Sociedade Brasileira de Computação, nº 1, set. de 1997. Disponível em: < http://www.geogebra.im-uff.mat.br/biblioteca/valente.html>

Resumo:
Os autores narram, as principais características do desenvolvimento da Informática na Educação nos Estados Unidos da América e na França.Sendo o Programa Brasileiro de Informática na Educação, influenciado pelo que foi realizado em Informática na Educação nesses países e, portanto, a discussão dessas realizações cria um contexto bastante importante para entender o Programa Brasileiro.
 Posteriormente os autores descrevem as bases para a Informática na Educação no Brasil de maneira mais simples.
Por fim, vai mais a fundo nas questões da formação do professor e dos avanços tecnológicos em harmonia com os requisitos e diferenças do Programa Brasileiro.
Citações principais do texto:
“Mesmo nos países como Estados Unidos e França, locais onde houve uma grande proliferação de computadores nas escolas e um grande avanço tecnológico, as mudanças são quase inexistentes do ponto de vista pedagógico. As mudanças pedagógicas são sempre apresentadas ao nível do desejo, daquilo que se espera como fruto da informática na educação. Não se encontram práticas realmente transformadoras e suficientemente enraizadas para que se possa dizer que houve transformação efetiva do processo educacional como por exemplo, uma transformação que enfatiza a criação de ambientes de aprendizagem, nos quais o aluno constrói o seu conhecimento, ao invés de o professor transmitir informação ao aluno.” (p.3)
“Já no caso da reforma da educação, o problema era o de entender os conceitos sobre aprendizado, preparação de manware e a falta de uma concepção sobre a real necessidade de tal mudança no ensino (o que Papert tentou fazer em seu artigo). Embora essa polêmica devesse ser o foco da discussão da conferência, como disse o organizador do documento (Seidel, 1977), os participantes estavam mais interessados em apresentar seus produtos do que em discutir os propósitos da educação.”(p.4)
”O aparecimento dos microcomputadores, principalmente o Apple, no início dos anos 80 permitiu uma grande disseminação dos microcomputadores nas escolas. Essa conquista incentivou uma enorme produção e diversificação de CAIs, como tutoriais, programas de demonstração, exercício-e-prática, avaliação do aprendizado, jogos educacionais e simulação.(...) Entretanto, a presença dos microcomputadores permitiu também a divulgação de novas modalidades de uso do computador na educação como ferramenta no auxílio de resolução de problemas, na produção de textos, manipulação de banco de dados e controle de processos em tempo real. De acordo com essa abordagem, o computador passou a assumir um papel fundamental de complementação, de aperfeiçoamento e de possível mudança na qualidade da educação, possibilitando a criação de ambientes de aprendizagem.”(p.4)
“O computador é largamente utilizado na maioria das escolas de 1° e 2° graus e universidades. No entanto, isso não significa que a utilização maciça do computador tenha provocado ou introduzido mudanças pedagógicas. Muito pelo contrário. A mudança pedagógica, ainda que muito lenta, foi motivada pelo avanço tecnológico e não por iniciativa do setor educacional.(...) Alguns críticos dessa abordagem pedagógica argumentam que a exploração da rede, em alguns casos, deixa os alunos sem referência, com sensação de estarem perdidos ao invés de serem auxiliados no processo de organizar e digerir a informação disponível.”(p.5)
Hoje o computador passou a fazer parte da lista de material que o aluno de graduação deve adquirir e o seu uso se tornou rotineiro em praticamente todas as atividades desde a produção de documentos, uso em sala de aula e em laboratório, consulta à banco de dados, comunicação entre alunos e aluno-professor e desenvolvimento das disciplinas. Isso significa que o aluno sai da universidade com um bom conhecimento sobre o uso da informática. Porém o processo pedagógico envolvido no preparo do aluno de graduação ainda não sofreu mudanças profundas e enfatiza-se basicamente a transmissão de informação.”(p.6)
“(...)planejamento os dirigentes franceses julgaram ser fundamental a preparação, antes de tudo, de sua inteligência-docente. E foi aí que dedicaram muitos anos e muitos recursos à formação de professores.”(p.7)
“A informática deixou de ser ensinada como disciplina, passando a ser empregada desde o 1º grau como ferramenta tecnológica, sendo freqüente o emprego da robótica pedagógica.(...) Embora na França tenham sido propostos inúmeros projetos de informática na educação, para alguns autores, esses projetos não tiveram êxito ou não provocaram mudanças pedagógicas. No entanto, é difícil determinar o que significa êxito ou mudança em tão curto espaço de tempo, quando o pretendido é formar a cultura de um povo.”(p.9)
“Parece-nos que a tendência interdisciplinar presente no domínio da informática desenvolveu estas potencialidades de uma educação mais aberta e articuladora.(...)Entretanto, se tais alterações de perspectivas pedagógicas ocorreram, elas não foram planejadas. Esses avanços pedagógicos se deram por causa da introdução da informática na escola. O difícil, seguramente, é destacar esta ou aquela causa como o único agente de avanço. Essa causas formam um todo indicativo da gestação longa e difícil do novo. No entanto, esses avanços ainda estão longe das transformações pedagógicas desejadas.(...) Outra preocupação do programa francês tem sido o de garantir a todos os indivíduos o acesso à informação e ao uso da informática.”(p.10)
“O uso das Novas Tecnologias da Informação e Comunicação impõe mudanças nos métodos de trabalho dos professores, gerando modificações no funcionamento das instituições e no sistema educativo. Tais modificações são de caráter discreto e seus resultados não aparecerão senão em uma macro-história educacional.”(p.11)
“A função do MEC era a de acompanhar, viabilizar e implementar essas decisões. Portanto, a primeira grande diferença do programa brasileiro em relação aos outros países, como França e Estados Unidos, é a questão da descentralização das políticas. No Brasil as políticas de implantação e desenvolvimento não são produto somente de decisões governamentais, como na França, nem conseqüência direta do mercado como nos Estados Unidos.A segunda diferença entre o programa brasileiro e o da França e dos Estados Unidos é a questão da fundamentação das políticas e propostas pedagógicas da informática na educação. Desde o início do programa, a decisão da comunidade de pesquisadores foi a de que as políticas a serem implantadas deveriam ser sempre fundamentadas em pesquisas pautadas em experiências concretas, usando a escola pública, prioritariamente, o ensino de 2° grau. A terceira diferença é a proposta pedagógica e o papel que o computador deve desempenhar no processo educacional. No nosso programa, o papel do computador é o de provocar mudanças pedagógicas profundas ao invés de "automatizar o ensino" ou preparar o aluno para ser capaz de trabalhar com o computador. O grande desafio era a mudança da abordagem educacional: transformar uma educação centrada no ensino, na transmissão da informação, para uma educação em que o aluno pudesse realizar atividades através do computador e, assim, aprender. A formação dos pesquisadores dos centros, os cursos de formação ministrados e mesmo os software educativos desenvolvidos por alguns centros eram elaborados tendo em mente a possibilidade desse tipo de mudança pedagógica.”(p.11 e 12)
“Somente através das análises das experiências realizadas é que torna-se claro que a promoção dessas mudanças pedagógicas não depende simplesmente da instalação dos computadores nas escolas. É necessário repensar a questão da dimensão do espaço e do tempo da escola. A sala de aula deve deixar de ser o lugar das carteiras enfileiradas para se tornar um local em que professor e alunos podem realizar um trabalho diversificado em relação a conhecimento e interesse. O papel do professor deixa de ser o de "entregador" de informação para ser o de facilitador do processo de aprendizagem. O aluno deixa de ser passivo, de ser o receptáculo das informações para ser ativo aprendiz, construtor do seu conhecimento. Portanto, a ênfase da educação deixa de ser a memorização da informação transmitida pelo professor e passa a ser a construção do conhecimento realizada pelo aluno de maneira significativa sendo o professor o facilitador desse processo de construção.”(p.13)
“Essa formação tem sido feita através de cursos que requerem a presença continuada do professor em formação. Isso significa que o professor em formação deve deixar sua prática pedagógica ou compartilhar essa atividade com as demais exigidas pelos cursos de formação. Além das dificuldades operacionais que a remoção do professor da sala de aula causa, os cursos de formação realizados em locais distintos daquele do dia-a-dia do professor, acarretam ainda outras. Primeiro, esses cursos são descontextualizados da realidade do professor. O conteúdo dos cursos de formação e as atividades desenvolvidas são propostas independentemente da situação física e pedagógica daquela em que o professor vive. Em segundo lugar, esses cursos não contribuem para a construção, no local de trabalho do professor formando, de um ambiente, tanto físico quanto profissional, favorável à implantação das mudanças educacionais. Em geral, o professor, após terminar o curso de formação, volta para a sua prática pedagógica encontrando obstáculos imprevistos ou não considerados no âmbito idealista do curso de formação; quando não, um ambiente hostil à mudança.”(p.14)
“Como os cursos de formação não oferecem condições para os professores aprenderem, efetivamente, a usar o computador, a esses professores não restam muitas alternativas: eles se acomodam ou abandonam o seu ambiente de trabalho. Resultado: não alcançamos as mudanças e ainda contribuímos para o fracasso dos cursos de formação de professores!”(p.15 e 16)
“A nossa experiência observando professores desenvolvendo atividades de uso do computador com alunos tem mostrado que os professores não têm uma compreensão mais profunda do conteúdo que ministram e essa dificuldade impede o desenvolvimento de atividades que integram o computador.”(p.19)
“Na verdade, a introdução da informática na educação segundo a proposta de mudança pedagógica, como consta no programa brasileiro, exige uma formação bastante ampla e profunda do professor. Não se trata de criar condições para o professor dominar o computador ou o software, mas sim auxiliá-lo a desenvolver conhecimento sobre o próprio conteúdo e sobre como o computador pode ser integrado no desenvolvimento desse conteúdo.”(p.20)
“As práticas pedagógicas inovadoras acontecem quando as instituições se propõem a repensar e a transformar a sua estrutura cristalizada em uma estrutura flexível, dinâmica e articuladora.”(p.20)
“Os avanços tecnológicos têm desequilibrado e atropelado o processo de formação fazendo com que o professor sinta-se eternamente no estado de "principiante" em relação ao uso do computador na educação.”(p.21)
“A formação do professor deve prover condições para que ele construa conhecimento sobre as técnicas computacionais, entenda por que e como integrar o computador na sua prática pedagógica e seja capaz de superar barreiras de ordem administrativa e pedagógica.”(p.22)
Comentários(Parecer e Crítica):
Logo no início do artigo, os autores nos colocam que o nosso Programa de Informática na Educação, foi influenciado pelo que foi realizado em Informática na Educação na França e EUA, o que acaba por confirmar mais uma vez que o Brasil tem por “cultura” importar modelos norte americanos de educação, como por exemplo o MEC-USAID. O que não é bem visto, já que antes de importarmos algo devemos avaliar se esse modelo de educação utilizado no exterior, funcionaria e caberia no contexto brasileiro.
Ao que diz respeito à formação do professor, acredito que o governo deva focar o quanto antes nessa questão(digo em todas as variáveis da educação), já que o professor mal qualificado, acaba por transmitir sua má qualificação ao aluno, perpetuando assim o mal preparo da sociedade, causando assim uma menor possibilidade de avanços tecnológicos, intelectuais e econômicos para a sociedade.
Questionamentos(Questões levantadas e dúvidas):
A partir da leitura do artigo, percebemos que uma boa formação do professor tem grande parcela de “culpa”, no que diz respeito ao sucesso desses programas de Informática na Educação, mas que o Governo não tem sabido elaborar cursos eficazes e bem preparados para uma boa formação dos profissionais da educação, principalmente os envolvidos com a Informática na Educação. A partir disso, questiono se é o governo que não tem se comprometido a investir numa boa formação e só copia modelos do exterior, se são os profissionais que criam esses cursos que não se interessam em desenvolver bons cursos e transmitir/educar de forma plena os professores que precisam de conhecimento em informática, ou se a falta de comprometimento e interesse dos professores com essa formação.

segunda-feira, 16 de abril de 2012

Desafios da Internet para os professores - Moran





Com a chegada da Internet nos defrontamos com novas possibilidades, desafios e incertezas o processo de ensino-aprendizagem.
Não podemos esperar das redes eletrônicas a solução mágica para modificar profundamente a relação pedagógica, mas vão facilitar como nunca antes a pesquisa individual e grupal, o intercâmbio de professores com professores, de alunos com alunos, de professores com alunos.
A Internet propicia a troca de experiências, de dúvidas, de materiais, as trocas pessoais, tanto de quem está perto como longe geograficamente.
A Internet pode ajudar o professor a preparar melhor a sua aula, a ampliar as formas de lecionar, a modificar o processo de avaliação e de comunicação com o aluno e com os seus colegas.
O professor vai ampliar a forma de preparar a sua aula. Pode ter acesso aos últimos artigos publicados, às notícias mais recentes sobre o tema que vai tratar, pode pedir ajuda a outros colegas - conhecidos e desconhecidos - sobre a melhor maneira de trabalhar aquele assunto com os seus estudantes. Pode ver que materiais -programas, vídeos, exercícios existem. Já é possível copiar imagens, sons, trechos de vídeos. Em pouco tempo o acesso a materiais audiovisuais será muito mais fácil. Tem tanto material disponível, que imediatamente vai aparecer se o professor está atualizado, se preparou realmente a aula (porque os alunos também têm acesso às mesmas informações, bancos de dados, etc).
O grande avanço neste campo da preparação de aula está na possibilidade de consulta a colegas conhecidos e desconhecidos, a especialistas, de perguntar e obter respostas sobre dúvidas, métodos, materiais, estratégias de ensino-aprendizagem. O papel do professor não é o de somente coletar a informação, mas de trabalhá-la, de escolhê-la, confrontando visões, metodologias e resultados.
O professor pode iniciar um assunto em sala de aula sensibilizando, criando impacto, chamando a atenção para novos dados, novos desafios.Depois, convida os alunos a fazerem suas próprias pesquisas, -individualmente e em grupo- e que procurem chegar a suas próprias sínteses. Enquanto os alunos fazem pesquisa, o professor pode ser localizado eletronicamente, para consultas, dúvidas. O professor se transforma num assessor próximo do aluno, mesmo quando não está fisicamente presente. Não interessa se o professor está na escola, em casa, ou viajando. O importante é que ele pode conectar-se com os outros e pode ser localizado, se quiser, em qualquer lugar e em qualquer momento. A aula se converte num espaço real de interação, de troca de resultados, de comparação de fontes, de enriquecimento de perspectivas, de discussão das contradições, de adaptação dos dados à realidade dos alunos. O professor não é o "informador", mas o coordenador do processo de ensino-aprendizagem. Estimula, acompanha a pesquisa, debate os resultados.
Os alunos podem fazer suas pesquisas antes da aula, preparar apresentações -individualmente e em grupo. Podem consultar colegas conhecidos ou desconhecidos, da mesma ou de outras escolas, da mesma cidade, país ou de outro país. Aumentará incrivelmente a interação com outros colegas, pesquisando os mesmos assuntos, trocando resultados, materiais, jornais, vídeos.
A motivação para a prática de línguas estrangeiras e para o aperfeiçoamento da própria se torna muito mais perceptível, porque existe real necessidade de escrever e, nos próximos anos, também de falar na mesma e em outras línguas.
Os programas de tradução nos facilitarão a comunicação com outros países, mas quem domina a língua levará muita vantagem neste intercâmbio.
A Internet será ótima para professores inquietos, atentos a novidades, que desejam atualizar-se, comunicar-se mais. Mas ela será um tormento para o professor que se acostumou a dar aula sempre da mesma forma, que fala o tempo todo na aula, que impõe um único tipo de avaliação. Esse professor provavelmente achará a Internet muito complicada - há demasiada informação disponível - ou, talvez pior, irá procurar roteiros de aula prontos -e já existem muitos - e os copiará literalmente, para aplicá-los mecanicamente na sala de aula.
Esse tipo de professor continuará limitado antes e depois da Internet, só que a sua defasagem se tornará mais perceptível. Quanto mais informação temos disponível, mais complicamos o processo de ensino-aprendizagem.
Quando podíamos escolher um único livro de texto e segui-lo capítulo a capítulo, estava claro o caminho do começo até o fim, tanto para o professor, como para o aluno, para a administração e para a família.
Agora podemos enriquecer extraordinariamente o processo, mas, ao mesmo tempo, o complicamos. Ensinar é orientar, estimular, relacionar, mais que informar. Mas só orienta aquele que conhece, que tem uma boa base teórica e que sabe comunicar-se. O professor vai ter que atualizar-se sem parar, vai precisar abrir-se para as informações que o aluno vai trazer, aprender com o aluno, interagir com ele.
A Internet não é mágica, mas as experiências que venho acompanhando na Universidade de São Paulo e o contato com professores e alunos que utilizam as redes eletrônicas no Brasil e em outros países me mostram possibilidades fascinantes de tornar o ensino e a aprendizagem processos abertos, flexíveis, inovadores, contínuos, que exigem uma excelente formação teórica e comunicacional, para navegar entre tantas e tão desencontradas idéias, visões, teorias, caminhos.
Os alunos estão prontos para a Internet. Quando podem acessá-la, vão longe. O professor vai percebendo que, aos poucos, a Internet está passando de uma palavra da moda a realidade em alguns colégios e nas suas famílias. Nestes próximos anos viveremos a interligação da Internet, com o cabo, com a televisão. Imagem, som, texto e dados se integrarão em um vasto conjunto de possibilidades. Ver-se e ouvir-se à distância se tornará corriqueiro. Pedir a um colega que dê aula comigo, mesmo que esteja em outra cidade ou país, ao vivo, será plenamente viável. As possibilidades da Internet no ensino estão apenas começando.

José Manuel Moran

Especialista em inovações na educação presencial e a distância 

quarta-feira, 11 de abril de 2012

Facebook na Educação



Introdução

Com o lançamento do Guia do Facebook para Educadores, que ainda não tive tempo de ler, é possível que muitos educadores “deslumbrados” com o uso das TICs na Educação se sintam entusiasmados para experimentá-lo em suas práticas educativas.
Acho louvável o espírito de experimentação e inovação em educadores (e em qualquer profissional!), mas acho também igualmente (ou até mais) louvável o espírito crítico para fazer escolhas sensatas e não apenas surfar hypes em busca de uma “tag de inovador“!
Não precisamos procurar muito, caro leitor, para observar vários projetos de uso de TICs em Educação, que se autodenominam “inovadores” mas que simplesmente dão roupagem tecnológica às mesmas velhas práticas educacionais do Século XIX: Uso de Tecnologia para Transmitir conteúdos disciplinares previamente escolhidos pelos “ensinadores”.
Porque a questão da escolha de uma plataforma/tecnologia/ferramenta para odesenvolvimento de práticas educativas não é uma questão trivial e muito menos neutra pretendo expor três considerações sobre o tema, que devem ser entendidos como um convite para a reflexão conjunta e não um veredicto final.

#1 – Virtual Versus Presencial

De cara, eu gostaria de trazer a baila um certo mito que se faz em relação aos aplicativos com ênfase em “interações sociais”. Sem entrar no mérito do que é uma Rede Social eu me pergunto se faz sentido ter posturas diferentes, no relacionamento com alunos, colegas e comunidade escolar no presencial e no virtual?
Do modo como eu vejo as coisas, embora existam especificidades no presencial e no virtual, a postura do professor deve ser a mesma. Respeito, diálogo e um distanciamento saudável entre seu lado profissional e pessoal/privado. Não me parece que deva haver uma postura diferenciada no presencial e no virtual!
O que cada um julga inadequado no presencial também será no virtual (e vice-versa). Você pode ser amigo dos seus alunos, MAS VOCÊ NÃO DEVE SER UM COLEGA DOS SEUS ALUNOS! Você pode criar um ambiente para que seus alunos sintam-se a vontade para errar e perguntar nas situações de aprendizagem, mas você não deveria (em minha opinião) estabelecer vínculos de intimidade com seus alunos, no caso geral! Bom senso é a regra de ouro! E não há nenhum motivo para que os limites do bom senso sejam diferentes entre o virtual e o presencial!
Logo o que você não faria (ou não deveria fazer) no presencial continua não fazendo (ou não devendo fazer) em qualquer ambiente virtual e ponto final!

#2 – Sua Produção estará disponível no Médio/Longo Prazo?

Quando se pensa no uso do Facebook como plataforma de aprendizagens você deveria se preocupar em ler as letras miúdas dos termos de serviço do mesmo. Será que seu conteúdo publicado lá continuará sendo seu, terá garantias de disponibilidade no médio e longo prazo? Uma boa discussão, em português, dos termos de serviço do facebook pode ser lida aqui. Saiba que ao dispor seu conteúdo no Facebook você automaticamente o autoriza a usá-lo como quiser sem lhe pagar nada!
Um outro ponto importante, ao meu ver, é que se eles quiserem mudar os termos de serviço no futuro, em benefício próprio, você não poderá fazer muita coisa a não ser chorar sobre o leite derramado como já aconteceu com o NING! E se você acha que estou sendo alarmistaveja o que  ocorreu com o Twitpic…

#3 – Gerencie sua Produção

Se por uma lado é verdade que conteúdo, hoje, virou commodities é igualmente verdade que só um gerenciamento estratégico da sua produção on-line poderá agregar (ou não) valor ao seu conteúdo. Assim, eu continuo achando que, no longo prazo, é uma temeridade deixar que serviços de terceiros gerenciem seu conteúdo:



Uma Última Consideração

Nos três pontos acima, chamei a atenção das principais preocupações que um educador crítico deveria ter antes de resolver usar Plataformas de Terceiros para seus projeto educacionais. Entretanto, não podemos fechar os olhos para o fato, irrefutável, que uma grande massa dos nossos alunos (presentes, passados e futuros) estarão nestas “Plataformas de Redes Sociais”.
Assim, num próximo texto aqui no blogue, pretendo pensar (junto com vocês) como utilizar este fluxo informacional que poder ser gerado nestas plataformas sociais, de modo que seja lucrativo e seguro para todos.
Se você já pensou sobre o tema, sinta-se a vontade para comentar (com mais de 140 caracteres) aqui nos comentários ou no seu blogue (e deixe-me saber!) sobre esta e/ou outras questões correlatas.

Entrevista com Linda Fogg Phillips, criadora do “Guia Facebook para Educadores”


O Facebook lançou essa semana o “Guia Facebook para Educadores”, um material gratuito e fácil de baixar que tem como proposta ajudar professores do mundo todo a entenderem a rede social e utilizarem-na como ferramenta pedagógica em sala de aula. O material, disponível no site (http://facebookforeducators.org), é apresentado por enquanto apenas na versão em inglês. Porém, a rede social informou que já há projetos de tradução e que espera, em breve, oferecer o conteúdo em português.
No site, é possível encontrar tutoriais, dicas e ideias criativas para a utilização do Facebook no universo escolar. A produção do conteúdo teve a participação da especialista americana em educação Linda Fogg Phillips, autora também de um guia da rede para pais.
Segundo Phillips, o Facebook influencia todos os aspectos da sociedade, incluindo a educação. “Os professores estão reconhecendo que precisam ter um melhor entendimento sobre esta rede social e utilizá-la de forma positiva e produtiva”, disse a especialista em comunicado à imprensa.
De acordo com o Facebook, os professores podem manter sua privacidade e interagir profissionalmente com seus alunos utilizando os recursos de grupos e páginas, sem a necessidade de se tornarem amigos dos alunos.
A expectativa é que a rede seja utilizada cada vez mais como ferramenta de apoio às discussões em classe, aumentando a mobilização em eventos e a adesão à causas, além da possibilidade de ministrarem aulas virtuais.
Confira abaixo entrevista com Linda Fogg Phillips, sobre os benefícios do uso das mídias sociais em sala de aula.
Por que há a necessidade desse tipo de guia para professores?
O Facebook influencia todos os aspectos da sociedade, incluindo a educação. Os professores estão reconhecendo que precisam ter um melhor entendimento sobre o Facebook e utilizá-lo de forma positiva e produtiva para apoiar a educação dos alunos do século 21.
Quais são os pontos mais importantes sobre a mídia social que os professores devem saber?
O ponto mais importante é que a mídia social está mudando a maneira como nos comunicamos e interagimos de uma forma inédita. Os professores precisam conhecer e entender essa tecnologia para que sejam capazes de atender às necessidades educacionais dos alunos de hoje. Também precisam saber ensinar e estimular seus alunos a serem bons “cidadãos digitais”.
Como os professores estão utilizando, de maneira positiva, o Facebook e a mídia social na sala de aula?
Os professores que entendem que uma das ferramentas mais poderosas para o ensino é também um meio que promove o entusiasmo pelo aprendizado têm grande capacidade de engajar seus alunos em uma experiência de aprendizado ativa. Alguns professores estão usando o Facebook como uma ferramenta para apoiar discussões em classe, ampliar a conscientização de eventos e causas, estimular a colaboração entre os alunos e encorajar “o aprendizado além da sala de aula”. Alguns também oferecem aos alunos a oportunidade de receberem feedback e informações vindas de seus pares. Isso sem falar da possibilidade de ministrarem aulas virtuais, móveis e mediante solicitação.
Como os professores podem participar da elaboração da política de mídia social de sua escola?
Acima de tudo, os professores precisam ter um bom entendimento da mídia social, incluindo seus benefícios e riscos, para que possam desenvolver uma política de mídia social adequada para a escola. Com esse entendimento, professores e administradores podem realizar discussões regulares para elaborarem uma política de mídia social capaz de apoiar as metas sociais, emocionais e acadêmicas de sua respectiva instituição de ensino. As políticas de mídia social das escolas devem ser revisadas com frequência.
Que tipo de informação os professores poderão encontrar no site FacebookForEducators.org?
O FacebookForEducators.org foi desenvolvido para oferecer aos professores informações atualizadas sobre o Facebook, além de conteúdo sobre como utilizar essa mídia como uma ferramenta de suporte para a educação. Os professores encontrarão tutoriais fáceis de entender, informações mais detalhadas e dicas e ideias criativas sobre o uso do Facebook na educação. O site também oferece acesso direto a especialistas nesse campo emergente e que muda rapidamente.

Videos:Redes sociais na formação de professores

Confira os vídeos abaixo!